Fatos e pessoas importantes na História de Brasília

Abaixo, uma linha do tempo com eventos e pessoas marcantes na História de Brasília.
Esse resumo cronológico foi preparado pelo Arquivo Público de Brasília, e foi exibido na forma de um grande painel exposto no aeroporto de Brasília por ocasião do 50º aniversário da cidade, em 2010 (foto).

1751 - O Marquês de Pombal manifestou a possibilidade de transferir a capital do Brasil, então uma Colônia portuguesa, para o interior.
Pombal nomeou o italiano Francesco Tosi Colombina, eminente cartógrafo, geógrafo, explorador e engenheiro militar para, a serviço do primeiro Governador de Goiás, Dom Marcos de Noronha, Conde dos Arcos, elaborar a primeira carta geográfica de Goiás (imagem à esquerda) e realçar o valor estratégico do Planalto Central.

1789 - Os Inconfidentes Mineiros, liderados por Tiradentes, planejavam instalar a nova capital do Brasil em São João del Rei (atual Ouro Preto).
Vislumbravam as seguintes vantagens com a mudança: estratégica (segurança) e demográfica (povoamento do interior).

1810 - Num memorial enviado ao Príncipe Regente D. João VI, então já na Corte instalada no Rio de Janeiro, o Conselheiro e Chanceler Veloso de Oliveira advertiu para a conveniência de se mudar a capital para um lugar "são, ameno, aprazível e isento de confuso tropel de gentes indistintamente acumuladas".

1813 - Hipólito José da Costa, jornalista brasileiro exilado em Londres, publica no jornal Correio Braziliense sua primeira de muitas defesas da "transferência da capital para o interior central na cabeceira dos grandes rios".
Esse Correio Braziliense original era um jornal escrito em língua portuguesa, impresso em Londres, fundado em 1 de junho de 1808 (antes da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, era proibida a existência de gráficas no Brasil). Em 21 de abril de 1960, foi fundado o novo Correio Braziliense (cujo nome homenageou o Correio original), que é até hoje o mais importante jornal de Brasília.

1817 - 30 de março: Padre João Ribeiro, um dos líderes da Revolução Praeira (Independência de Pernambuco), apóia a tese mudancista. Nota do viagemdeferias: houve aqui um equívoco do autor do Painel: o movimento liderado pelo Padre João Ribeiro foi a chamada Revolução Pernambucana de 1817 (também conhecida como Revolução dos Padres); a Revolução Praieira, também em Pernambuco, ocorreu entre 1848 e 1850 (ver História de Pernambuco).

1821 - 20 de outubro. José Bonifácio de Andrada e Silva sugere, nas "Instruções dos Deputados Paulistas à Corte", que se levante no interior do Brasil uma cidade central para a corte, na latitude de aproximadamente 15º. Nota do viagemdeferias: essas Instruções foram provavelmente enviadas aos representantes paulistas na Corte que se reunia em Lisboa para a elaboração da primeira Constituição de Portugal; foi esse encontro em Lisboa que precipitou o retorno de D. João VI a Portugal, a chamda de D. Pedro, o Dia do Fico e, finalmente, a Independência do Brasil.

1822 - Logo após a Proclamação da Independência, Menezes Palmiro propõe a criação de uma província central para a construção da capital definitiva do Império. Menezes sugere o nome Pedrália, em homenagem ao Imperador D. Pedro I.

1823. José Bonifácio de Andrada e Silva propõe à Assembleia Constituinte que a Capital do Império seja transferida para a Comarca do Paracatu do Príncipe, Minas Gerais. Sugere os nomes Brasília ou Petrópolis.

1831 - 14 de maio. O Deputado João Cândido de Deos e Silva (PA) encaminhou o primeiro projeto para a escolha de um ponto central do país para sediar a futura capital.

1852 - 9 de julho. O Senador Holanda Cavalcanti (PE), futuro Visconde de Albuquerque, apresenta projeto de lei que manda fazer o levantamento de um terreno, entre as latitudes de 10º e 15º, destinado a sediar a futura capital do Brasil, entre os rios São Francisco, Maranhão e Tocantins.

1853 - O Senador João Lustosa da Cunha Paranaguá (PI), futuro Marquês de Paranaguá, apresenta projeto transferindo a capital do Império para Monte Alto, Bahia, próximo à divisa com Minas Gerais.

1877 - 28 de julho. Francisco Adolfo Varnhagen (futuro Visconde de Porto Seguro), Historiador e Embaixador do Brasil no Império Austro-Húngaro, viaja em lombo de burro ao Planalto Central, estabelecendo-se na Vila de Formosa.
Faz várias pesquisas e publica: "A Questão da Capital: Marítima ou no Interior?". Sugere que a nova capital seja construída nas vizinhanças do triângulo entre as lagoas Formosa, Feia e Mestre D'Armas. Defendeu a interiorização ao longo de 43 anos (nota do viagem de férias: essa página informa que Varnhagen "originou sobre a interiorização da capital do Brasil, ora em Imperatriz, ora em São João del Rei e, finalmente, em Goiás").

1883 - 4 de setembro. Dom Bosco (como ficou conhecidono Brasil o italiano Giovanni Bosco), padre fundador da Ordem dos Salesianos, tem um sonho profético que prevê o nascimento de uma rica e próspera civilização na América do Sul, entre os paralelos 15º e 20º.
"Entre os graus 15 e 20, existia um seio de terra bastante largo e longo, que partia de um ponto onde se formava um lago. E então uma voz me disse, repentinamente: 'Quando vieres escavar os minerais ocultos no meio destes montes, surgirá aqui a Terra da Promissão, fluente de leite e mel. Será uma riqueza inconcebível". (tradução de Monteiro Lobato).

1891 - 24 de fevereiro. Primeira Constituição da República, art. 3º: "Fica pertencente à União, no Planalto Central da República, uma zona de 14.400 km2, que será oportunamente demarcada, para nela estabelecer-se a futura Capital Federal." Emenda do Senador Virgílio Damásio e do Deputado Lauro Muller.

1892 - 17 de maio. O Presidente Floriano Peixoto, fiel à Constituição de 1891, constitui a "Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil", chefiada pelo engenheiro e astrônomo belga Luiz Cruls, Diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, com o propósito de estudar e demarcar a área da nova capital.
A Comissão, constituída por 22 membros, partiu do Rio de Janeiro no dia 9 de junho de 1892. Até Uberaba, viajou pela Estrada de Ferro Mojiana; dali em diante, prossegiu em lombo de mula e cavalo, percorrendo aproximadamente 4.000 km.
Todo o material, incluindo equipamento científico, barracas, armas e mantimentos, ocupava 206 caixas e fardos, pesando 9.640 kilos, transportados por burros de carga.

1893 - Pela primeira vez um mapa do Brasil indica, no Planalto de Goiás, um retângulo com a inscrição "Futuro Distrito Federal", o qual ficou conhecido como "Quadrilátero Cruls", em decorrência dos trabalhos de Luiz Cruls.

1894 - 7 de maio. Luiz Cruls publica relatório sobre o Planalto Central (topografia, fontes de energia, clima, caracterização do solo, geologia, fauna, flora), verdadeiro estudo ambiental.
Do sucesso dos trabalhos da missão Cruls resulta a criação da Comissão de Estudos da Nova Capital da União.

1921 - 7 de dezembro. Projeto dos deputados federais Americano do Brasil e Rodrigues Machado propõe o lançamento da pedra fundamental da futura capital no Planalto Central, sugerindo início de imediato da construção.

1922 - 7 de setembro. Na comemoração do centenário da Independência, foi lançada próximo de Planaltina (que hoje é uma das divisões administrativas do Distrito Federal) a pedra fundamental da futura Capital dos Estados Unidos do Brasil, marco expressivo para a concretização das aspirações de interiorização da capital.

1934 - 16 de julho. A Segunda Constituição da República, no art. 4º das Disposições Transitórias, manteve o texto da Primeira Carta: "Será transferida a Capital da União para o ponto central do Brasil".

1937 - Com a instituição do regime ditatiorial do Estado Novo, e a outorga da nova Constituição em 1937, ficou de fora do texto constitucional uma menção à transferência da capital para o interior.

1939 - Coimbra Bueno, engenheiro, ex-Senador e ex-Governador de Goiás, propõe ao presidente Getúlio Vargas a retomada da discussão da mudança da capital.

1940 - Getúlio Vargas lança a campanha Marcha para o Oeste, programa para ocupar os vazios do Brasil Central; Vargas não estava movido, contudo, pela idéia da transferência da capital.

1945 - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) manifesta-se a favor da transferência da capital, em nome da segurança nacional (nota do viagemdeferias: não houve nenhum conflito ou ameaça de ataque ao território brasileiro durante a Segunda Guerra; contudo, provavelmente muitos se recordaram de que submarinos alemães rondaram a costa brasileira durante a Primeira Guerra, e poderiam ter atingido a então capital, Rio de Janeiro).

1946 - Cai o Estado Novo, restaura-se a Democracia, promulga-se nova Constituição, que decretava: "A Capital da União será transferida para o Planalto Central".
O Presidente Eurico Gaspar Dutra nomeia comissão de técnicos, sob a presidência do Marechal Djalma Polli Coelho, para realizar estudos de localização.

1948 - 21 de agosto - A Comissão presidida pelo Marechal Djalma Polli Coelho sugere como localização da nova capital o mesmo território escolhido pela "Comissão Cruls", em 1892.
Mensagem Presidencial ao Congresso, assinada em Corumbá, Mato Grosso, solicita apreciação dos congressistas; o documento ficou conhecido como "Mensagem de Corumbá".