João Pessoa, Paraíba

Estado da Paraiba

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Paraíba

É bem sabido que a primeira expedição portuguesa a chegar ao Brasil foi aquela comandada por Cabral, que aportou na região onde hoje se encontra Porto Seguro (ver História da Bahia).
A segunda expedição portuguesa foi enviada em 1501, e, seguindo rota diferente da de Cabral, aportou na região onde hoje se localiza a Baía da Traição, norte da Paraíba; o nome adveio do fato de ali haverem sido trucidados pelos silvícolas vários portugueses, inicialmente recebidos como amigos.
Essas terras eram constantemente visitadas pelos franceses; Jean Ango, um dos principais bucaneiros da época, transacionava tanto com seus prepostos quanto com os indígenas. Os franceses mantinham um tráfego de vinte a trinta naus entre a baía da Traição, Cabedelo e o rio denominado São Domingos, atual rio Paraíba. Levavam peles e pau-brasil. Transportavam também algodão, óleos vegetais e muitos bichos da terra.
A cumplicidade entre os índios e os franceses ameaçava a ação colonizadora dos portugueses. Os índios tinham prevenção contra os portugueses, já que estes buscavam a conquista e ocupação, enquanto os franceses se limitavam ao comércio, sem pretensões políticas.
A tentativa colonizadora das capitanias hereditárias foi um fracasso. Em 1585, com o Brasil já sob domínio espanhol, o ouvidor Martim Leitão e o general Diogo Flores Valdez conseguiram efetivar a conquista territorial da Paraíba, graças à dissensão entre os índios que apoiavam os franceses: o índio Pirajibe, antigo e valoroso adversário dos portugueses, rompera com os potiguares (essa tribo habitava o norte da Paraíba e sul do Rio Grande do Norte, e deu nome aos gentílicos desse último Estado).

Em 5 de agosto de 1585, feito o acordo, foi escolhida padroeira da nova terra Nossa Senhora das Neves, por ser seu dia. A 4 de novembro, fundou-se a cidade no alto de uma colina, com o rio Sanhauá aos pés, a 18km da foz do Paraíba, defronte do sítio em que João Tavares fez a paz com Pirajibe.
Essa prática de construir cidades no alto de colinas visava a ajudar na defesa contra ataques, que à época provinham do mar; Lisboa era o maior exemplo de cidade desse tipo; no Brasil, temos o exemplo de Olinda, construída no alto de colinas, com Recife a seus pés. O caso de João Pessoa, entretanto, guarda maior semelhança com o de Natal; em ambos os casos, um forte foi construído na foz do rio que dá acesso à cidade (em Natal, o Forte dos Reis Magos, e em João Pessoa, o Forte de Cabedelo), enquanto a cidade foi construída um pouco rio acima, justamente no ponto em que se encontrou uma colina.

Entretanto, a guerra contra os franceses ainda continuava. Eles tiveram que ser expulsos, sucessivamente, do forte Velho, da baía da Traição, da serra da Copaoba e Mamanguape. Em 1596, os potiguares atacaram a cidade e, no ano seguinte, 13 navios franceses investiram contra a fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo, onde desembarcaram cerca de 350 homens, repelidos pela guarnição de apenas vinte soldados e cinco pequenas peças de artilharia.

No ano seguinte ao da fundação da cidade, que foi chamada Filipéia, em homenagem a Filipe II, começou a desenvolver-se a cultura da cana-de-açúcar. O capitão João Tavares mandou fazer grandes plantações de cana-de-açúcar e determinou a construção, a expensas do estado, do primeiro engenho paraibano, em Tibiri.
Mais tarde, Duarte Gomes da Silveira, senhor de engenho e rico lavrador, oferecia "a cada edificador de casas térreas de pedra e cal a quantia de dez mil réis, e de sobrado, vinte, cumprindo essa promessa patriótica por muitos anos, sem outro proveito que o de ver a nova cidade aumentada". A cidade, que no dia de sua fundação contava apenas com trinta famílias, pouco a pouco aumentou o número de seus arruados, apesar dos constantes ataques dos índios.
A hostilidade dos potiguaras continuava encontrando apoio na ação dos franceses, que agora fustigavam mais abertamente a Paraíba, em virtude da guerra contra a Espanha. Para isso muito concorreu a constante desavença entre o comando português e o espanhol, assim como os desentimentos entre os religiosos da Companhia de Jesus e os da Ordem de Santo Antônio.
Os jesuítas, por oporem-se à mudança da aldeia de Pirajibe para o interior, acabaram por ser expulsos da Paraíba; pouco depois, por motivos semelhantes, os franciscanos também seriam expulsos.
Em 1599, uma epidemia de varíola dizimou dois terços da população indígena. Aproveitando-se do fato, o capitão-mor Feliciano Coelho comandou massacres que se estenderam até as proximidades do Potengi, onde hoje se encontra natal. Os índios, resignados, aceitaram a paz.
A conquista do Rio Grande do Norte e da paz com os poriguares, no início do século XVII, consolidou o domínio e a colonização da Paraíba, do Mamanguape e seus afluentes. Os engenhos de açúcar aumentavam em número e fazia-se menos absorvente o interesse pela extração do pau-brasil. Começavam a surgir novos canaviais nas várzeas úmidas e também lavouras de subsistência. Certos terrenos adequados passariam a servir à criação de gado vacum, em propagação de espantosa rapidez, por falta de consumo.

Com apenas 15 anos de fundada, a Paraíba era a terceira capitania do Brasil, superada apenas por Pernambuco e Bahia, posição que sustentou até a invasão holandesa. Em 1595, chegou a primeira comitiva do Santo Ofício.

A primeira tentativa de invasão holandesa na Paraíba ocorreu em 1624. O frustrado ataque à Bahia fez com que a esquadra fugitiva aportasse à baía da Traição, onde também foi repelida. Em 1642, após Pernambuco já ter sido conquistada (ver História) nova investida foi realizada contra a Paraíba. Mil e quinhentos homens bem armados surgiram em Cabedelo, onde a fortaleza de Santa Catarina, comandada por João de Matos Cardoso, resistiu aos invasores. Depois de vários encontros, os holandeses retornaram ao Recife.
A queda do Rio Grande do Norte, no entanto, dificultou a resistência (ver História). Em fevereiro de 1634, uma armada de vinte velas, com 1.500 homens, dividiu-se no Cabo Branco, e uma parte foi para Cabedelo, a outra para Lucena. Foram batidas, novamente. Mas, em dezembro do mesmo ano, surgiu no cabo Branco uma esquadra de 29 navios, com 2.354 homens. A resistência, ainda que heróica, não impediu o desembarque e a conquista.
A Paraíba foi ocupada e o primeiro ato holandês consistiu em mudar o nome da cidade para Fredrikstad, para glória da Holanda, da mesma maneira que fora Filipéia, para glória da Espanha.
A ação holandesa, no episódio da conquista, não se limitou ao litoral, pois, em novembro de 1634, Calabar fez incursões até Mamanguape, e destruiu embarcações de açúcar. Os holandeses garantiram a liberdade dos habitantes, inclusive religiosa, mantiveram-nos na posse de seus bens e eximiram-se de impor-lhes novos tributos.
Dessa política holandesa, sem dúvida bem orientada, os resultados não se fizeram esperar, apesar da ação dos naturais, sempre dispostos à luta. Dois anos depois da ocupação, em combate com o capitão Francisco Rebelo, foi morto o comandante holandês, diretor Ippo Eysens, substituído pelo notável Elias Herckman. Este explorou o interior e deixou um tratado descritivo das coisas da Paraíba. No ano seguinte, André Vidal de Negreiros, na política de terra arrasada, incendiou até os engenhos do pai, Francisco Vidal.
Os holandeses fizeram amizade estreita com outros grupos, inclusive ao levar índios à Holanda, como aconteceu ao índio Poti, primo de Filipe Camarão. No ano da Restauração, 1645, os índios, chefiados pelos holandeses, atacaram o engenho de André Dias de Figueiredo e promoveram um massacre; os mortos tornaram-se os primeiros mártires do Brasil, os mártires de Cunhaú.
A conspiração, já em marcha, alimentada constantemente pelo idealismo de André Vidal de Negreiros, estaria nas ruas em 2 de setembro, com sucessivas vitórias, se bem que ficasse o forte de Cabedelo em poder dos holandeses até o ano de 1654, quando houve a capitulação geral.

A economia regional, praticamente, não sofreu nenhuma grande alteração durante o domínio holandês.
O próprio Maurício de Nassau, ao instituir o brasão da Paraíba, concebeu-o com "três pães de açúcar", para prestigiar o que era tido como o melhor pão de açúcar da América. Um engenho exigia cinqüenta escravos e de vinte a trinta juntas de bois. Os holandeses fundaram poucos engenhos. As terras de açúcar ficavam nas áreas úmidas, pouco além do litoral, as fazendas mal chegavam a Mamanguape e as lavouras não tinham grandes áreas determinadas.
Em 1639, foi concluída a primeira monografia da Paraíba, pelo holandês Elias Herckmans, que apresentava a descrição da cidade, engenhos, rios, fertilidade e costume dos índios. Elias chefiou a expedição holandesa que alcançou a região da atual cidade de Areia. Foi a mais longa exploração realizada pelos batavos.

Antes de findar o século XVII, novos elementos acresceram ao progresso da capitania. A evolução administrativa acompanhava, passo a passo, a evolução econômica. Esta provinha da descoberta do território. Começou pela exploração do pau-brasil, a que se seguiu a produção de açúcar, como os principais pilares da economia. À medida que se avançava pelo interior, as terras já não ofereciam tanto pau-brasil, nem se prestavam ao cultivo de cana-de-açúcar. Surgia a criação de gado, útil como mantimento e também para feitura dos apetrechos da "civilização do couro".
Conquistaram-se os pastos largos do planalto dos Cariris Velhos e dos campos de Além-Borborema, as regiões de Boqueirão e Cabaceiras. Campina Grande, a maior cidade do interior paraibano, surgiu do aldeamento dos ariús, instituído por Teodósio de Oliveira Ledo, grande desbravador, porém terrível no tratamento dispensado aos índios. A brutalidade, a escravidão, o morticínio indiscriminado dos indígenas, durante essas ações de conquista do território, provocaram a reação geral das tribos, que se reuniram na Confederação dos Cariris.
A guerra durou vários anos, abrangeu o Rio Grande do Norte e Ceará, e terminou na Paraíba. Teodósio de Oliveira Ledo acossou os índios e penetrou o sertão, até Pombal. Houve um acordo final com os derradeiros lutadores, os curemas. Ao lado dessa revolta indígena, registrou-se também a dos pretos escravos, reunidos no Cumbe, onde foram desbaratados.
Apesar de tudo, faltava o braço escravo. A capitania reclamava negros. Em 1715, fora autorizada a importar trezentos pretos de Angola. A renda da capitania era de 27 contos e assim continuou durante todo o século. Um governador percebia 400 réis por ano. Em 1720, um profissional do crime matava um ourives por 120 réis. A Companhia de Comércio, fundada pelo marquês de Pombal, fazia o monopólio do açúcar e terminara por entrar em falência e deixar sem barcas o porto de Cabedelo.

O movimento já um tanto nativista da guerra dos Mascates, que eclodiu em 1711 em Pernambuco, não se alastrou na Paraíba, em virtude das providências repressivas do governador João Maia da Gama. Já havia clima, porém, para uma ação desse tipo. A insatisfação era geral, em decorrência principalmente da crise econômica, após um período de relativa prosperidade. A crise prolongou-se, agravada pela cobiça e exigência da metrópole, que tudo tirava, sem nada repor.
Em 1755, por ocasião do terremoto de Lisboa, nova sangria se operou no magro erário da capitania. No campo educacional, os jesuítas voltaram e logo monopolizaram o ensino. Abriram aulas no convento e posteriormente no seminário. No interior, os capelães eram os únicos mestres de letras. Em 1760, porém, os jesuítas foram novamente expulsos, seus bens seqüestrados e fechadas suas escolas. Somente em 1766 foi criada uma cadeira de latim.
A crise econômica do século XVIII foi grave. Os produtos paraibanos eram embarcados pelo Recife, sem deixar rendas na capitania. As grandes secas empobreceram o sertão. A Companhia do Comércio do Açúcar, de Pernambuco e Paraíba, fundada pelo marquês de Pombal, estabeleceu o monopólio para as colônias, suprimindo-lhes a relativa liberdade de comércio. Todas as relações eram com a companhia.
O século XIX encontrou a Paraíba em más condições, com a agricultura quase nula e o comércio reduzido. Foi nessa época, no entanto, que o algodão se transformou no "ouro branco". Uma casa inglesa estabeleceu-se na capital. A capitania, que em 1807 arrecadara 29 contos de impostos gerais, em 1815 só do algodão obtinha 25.668 réis e, no exercício de 1816, alcançava 45 contos, apesar da quantidade do produto que se escoava pelo porto do Recife.
A revolução de 1817 foi, em grande parte, marcada pelas idéias trazidas pelas revoluções americana e francesa, como também pela abertura dos portos do Brasil. Os governadores paraibanos, com receio de ataques franceses, organizavam milícias com os moradores e infundiam-lhes o sentimento da pátria. Foi esse também o tempo da instituição de academias em Pernambuco, algumas com influência direta na Paraíba, como a do Areópago de També, presidida pelo naturalista paraibano Manuel de Arruda Câmara. Foi no interior, nas cidades paraibanas de Itabaiana e Pilar, ambas vizinhas de També, que se iniciou a revolução de 1817.
Essa revolução logo dominou a Paraíba, conquistou a capital e quase todas as cidades interioranas. O movimento teve caráter geral e estourou em toda parte: pregava a independência, a democracia e a república. Pertenceram a seu governo provisório o padre Antônio Pereira de Albuquerque, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, Francisco da Silveira e Francisco Xavier Monteiro da Franca. No fim de abril, apareceram os primeiros sinais da contra-revolução, que se iria efetivar, vitoriosamente, com a reconquista da capital e do forte de Cabedelo.

Proclamada a independência, os paraibanos que se haviam antecipado ao movimento, ao prestarem, antes dele, solidariedade ao príncipe D. Pedro, iniciaram uma fase de melhoramentos em benefício da terra.
No mesmo ano da independência instalaram a iluminação da cidade e criaram algumas escolas, mais tarde reunidas no Liceu Paraibano. Em 1828, foi instalada a primeira escola primária do sexo feminino. O primeiro jornal, do governo, foi publicado em 1826.
Não se debelara de todo, porém, o espírito nativista e revolucionário. Em 1824, contra a escolha de Filipe Néri para o governo, levantaram-se Campina Grande, Areia, Pilar, São João do Cariri e Itabaiana. A revolução praieira, de 1848, arrebatou a cidade de Areia, que acolheu os refugiados de Pernambuco e ajudou-os a resistir. Os paraibanos foram comandados por Maximiano Lopes Machado e Joaquim dos Santos Leal, e numerosos combatentes foram feridos. Participou dessa revolução o famoso tribuno e jornalista Antônio Borges da Fonseca.
A revolução de 1848 encerrou a época dos movimentos armados. O regime monárquico entrava em fase de consolidação. O partido liberal e o conservador militavam dentro da lei e da ordem. O imperador, em 1859, visitou a província. O espírito popular, no entanto, não deixou de manifestar-se em protesto contra medidas consideradas antipáticas. Em 1852, a lei do registro dos nascimentos e óbitos provocou a revolta do Ronco da Abelha.
A exportação da província, além do açúcar, era constituída de algodão, couros, pau-brasil, cocos, aguardente e, em pequena quantidade, café e cera de carnaúba. Os impostos eram na maioria anômalos e obsoletos, como os de passagem de rios e visitas de saúde. Em 1852 o presidente Antônio Coelho de Sá e Albuquerque implantou o uso do arado e, em 1855, ainda não havia cemitério na capital.
Em ano e meio de exercício, Henrique de Beaurepaire-Rohan fundou o Colégio das Neves e a biblioteca pública, mandou levantar uma carta geral da província e uma planta da capital, e iniciou, em Teixeira, uma plantação de trigo. De 1860 em diante, a situação econômica passou a melhorar substancialmente. Desenvolviam-se as fontes de riqueza e o estado equilibrava-se.
A agricultura ainda era a do algodão, açúcar, lavoura de mantimento e café. Os engenhos de tração animal foram, pouco a pouco, substituídos pelos movidos a vapor. Na última década do regime monárquico, sobrelevam dois fatos importantes: o início do tráfego ferroviário e a instalação de uma usina de açúcar. A Companhia de Engenhos Centrais, de capitais anglo-holandeses, instalou-se na província em 1882. Esse último acontecimento provocou, gradativamente, a derrocada de todos os engenhos, absorvidos pela usina. O drama viria a encontrar ressonância nos romances de José Lins do Rego.
A estrada de ferro foi a causa do declínio da cidade de Mamanguape, a mais próspera do interior do estado, pois os comerciantes que a procuravam passaram a dirigir-se à capital. O mesmo fenômeno ocorreu mais tarde com a cidade de Itabaiana, quando a linha férrea se estendeu até Campina Grande. O prosseguimento da estrada até Sousa e o alto sertão abalou sensivelmente o movimento de Campina.
A criação de gado ainda era a riqueza do sertão. As secas, no entanto, vez por outra, dizimavam os rebanhos, devastavam as plantações e aumentavam a miséria. Era a sementeira fácil para estimular a presença do cangaceiro, bandoleiro da caatinga, existente desde as guerras índias e as guerras dos negros. As revoluções acompanhavam as secas, como em 1817 e 1848, que se contam entre as mais terríveis, ao lado das de 1877, 1890 e 1898. Mesmo, porém, nessas regiões castigadas pelo banditismo e pela seca, surgiram os colégios, como o do padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras.

Antes da abolição, já os municípios de Areia e Mamanguape haviam libertado os escravos. Dois dias depois da proclamação da república, os paraibanos constituíram seu primeiro governo, que recebeu a administração das mãos de Francisco Luís da Gama Rosa, último presidente monárquico. Em dezembro, foi nomeado governador Venâncio Neiva, juiz em Catolé do Rocha, que chamou o então advogado e futuro Presidente da República Epitácio Pessoa para secretário
Com a deposição de Venâncio Neiva, foi nomeado presidente provisório Álvaro Machado, um major do Exército de 33 anos. O período de Álvaro Machado marcou uma etapa na revolução da Paraíba. Nesse período, além de pequenos açudes nas caatingas e nos cariris, construiu-se o trecho da estrada de ferro que liga a capital a Cabedelo e em 1892 inaugurou-se a fábrica de tecidos Tibiri, com 150 teares. As linhas telegráficas estenderam-se dos pontos terminais da estrada de ferro até Bananeiras, Alagoa Grande e Campina Grande.
Álvaro Machado fez eleger o irmão, João Lopes Machado, para o período 1908-1912, mas a oligarquia dos Machados teve fim com a morte de Álvaro, em 1912. Para a sucessão de João Machado, os "alvaristas" tinham como candidato monsenhor Valfredo Leal, que fora presidente no período 1905-1908, mas contaram com a oposição de Coelho Lisboa, senador federal, que alegou sua condição de "hermista da primeira hora".
O presidente Hermes da Fonseca, contudo, preferiu ouvir a opinião de Epitácio Pessoa, líder político paraibano que se distinguira no governo Campos Sales como ministro da Justiça. Epitácio optou pelo nome de Castro Pinto, ao mesmo tempo que afastou Valfredo Leal e Coelho Lisboa.
Senador federal e depois presidente da república, Epitácio Pessoa tornou-se chefe absoluto no estado. Sob sua influência foram eleitos os presidentes Francisco Camilo de Holanda e Sólon Barbosa de Lucena, respectivamente para os períodos 1916-1920 e 1920-1924. Desde o governo Castro Pinto, Lucena começara a arregimentar um grupo de moços, logo chamados "jovens turcos", para contrapor aos "goelas", isto é, aqueles que apoiavam todos os governos e se beneficiavam de todas as situações.

Era difícil, porém, lutar contra Epitácio Pessoa, de prestígio incontrastável, sobretudo após sua passagem pela presidência da república. João Suassuna e João Pessoa seriam ainda dois presidentes feitos pelo "epitacismo", e ambos morreriam assassinados.

João Pessoa, último presidente da liderança de Epitácio e candidato à vice-presidência da república na chapa de Vargas e da Aliança Liberal (apoiada por Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba), deu grande impulso à capital, embora envolvido em dura disputa política. A cidade de Princesa Isabel, chefiada por José Pereira Lima, declarou-se território livre e resistiu às tropas do governo estadual. Assassinado João Pessoa em Recife, a capital da Paraíba passou a ter seu nome.
Com a revolução de 1930 - resultado, em grande parte, do impacto emocional provocado pela morte de João Pessoa -, sucederam-se diversos interventores, sendo que no período de Argemiro de Figueiredo o estado da Paraíba atravessou uma fase de grande progresso: deu seus primeiros passos o plano de urbanização da capital, resolveu-se o abastecimento de água de Campina Grande, as safras de algodão foram as maiores até então verificadas, iniciou-se - com vasta propaganda - a cultura do sisal ou agave, e edificou-se o Instituto de Educação.
A redemocratização, em 1947, levou ao governo o jurista Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo, eleito pela oposição e substituído, em 1951, por José Américo de Almeida, chefe da revolução de l930 no Norte e no Nordeste, que ganhou renome também como escritor. Em seu governo foi criada a Universidade da Paraíba.

Na década de 1960, os sucessivos governos estaduais procuraram dar redobrado impulso à educação e à cultura, bem como se esforçaram no sentido de promover a política de planejamento, do que resultou sobretudo a construção de estradas, como a BR-230 (João Pessoa a Campina Grande) e o Anel do Brejo. Posteriormente providenciou-se a criação do Centro Administrativo, criou-se a Fundação de Saúde e completou-se o Anel do Brejo. A energia elétrica de Paulo Afonso espalhou-se por toda a Paraíba.
Nos governos seguintes, os distritos industriais de João Pessoa e Campina Grande assentaram as bases para o desenvolvimento de uma economia que, segundo se esperava, deveria crescer com o apoio da Sudene e de outros organismos de incentivo. No entanto, a seca intensa, que atinge quase todo o estado, bem como as desigualdades na distribuição de renda mantiveram o estado preso a estruturas econômicas tradicionais.

Como em outros estados do Nordeste, porém, o turismo ganhou forte impulso na década de 1990, tornando-se um dos esteios da economia local, graças principalmente às belas praias do estado.
João Pessoa entrou com certo atraso nessa disputa por turistas, mas isso de certa forma constitui-se hoje em vantagem. As cidades pioneiras em turismo no Nordeste, como Recife e Salvador, enfrentaram crescimento desordenado, que agora aos poucos vai sendo controlado; João Pessoa tem o privilégio de poder planejar com mais calma o crescimento, de tal forma que acomode as necessidades dos habitantes locais e os desejos dos visitantes. Não por acaso, João Pessoa é uma das cidades onde o turismo mais tem crescido ultimamente.