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Trens em Natal
«Natal.
Não existem linhas de trem de longa distância em Natal, nem se cogita de construí-las; o trem seria uma excelente opção para transporte de cargas e passageiros entre as capitais próximas do Nordeste, como Natal, Recife, João Pessoa e Fortaleza.
Durante o período do açúcar (ver a História do Rio Grande do Norte), foram construídas estradas de ferro ligando cidades do interior (onde o açúcar era produzido) até o porto de Natal (por onde o produto era escoado).
Os trilhos dessa antiga malha são hoje utilizados pela CBTU Natal (Companhia Brasileira de Trens Urbanos - Superintendência Natal) para operação de duas linhas de trens urbanos; a linha Norte liga Natal a Ceará-Mirim, e a linha Sul liga Natal a Parnamirim.
Toda a estrutura de trens é antiga: os vagões, os trilhos, as estações.
Os trens servem principalmente para transporte de trabalhadores que se deslocam da periferia para o centro de Natal. Em abril de 2009, enquanto a passagem de ônibus custava R$ 1,85, um bilhete de trem custava R$ 0,50.
Em Natal, a estação encontra-se no bairro da Ribeira, próxima à Praça Augusto Severo (que foi recentemente restaurada) e ao Porto do Recife (que precisa de restauração urgente).
Nos dias úteis, são feitas ao redor de sete ou oito viagens (ida e volta) em cada uma das linhas; a primeira viagem sai no comecinho da manhã (por volta das cinco ou seis horas), e a última sai no finalzinho da tarde (por volta das seis ou sete). Uma tabela de horários é disponibilizada no site da CBTU, mas os atrasos são muito frequentes.
Turismo por trens
Apesar da precária infra-estrutura, os trens urbanos de Natal podem ser uma opção de turismo.
Desde há alguns anos, a linha de trem que sai do Porto do Recife (utilizada principalmente para transporte de cargas)tem sido utilizada para eventos especiais, como o Trem do Frevo e o Trem do Forró.
A CBTU e o Governo do RN gostaram da iniciativa e a estão trazendo para Natal. Um trem do forró também foi criado (circula durante o período de festas juninas), e está-se implementando o chamado Trem Cultural (datas ainda não consolidadas); ambos os trens percorrem a linha Norte, até Ceará-Mirim.
Contudo, independente dessas iniciativas oficiais, os trens proporcionam durante todo o ano uma opção de transporte turístico, principalmente a linha Norte, que vai até Ceará-Mirim.
Existe pouca violência nos trens; incidentes são mais relacionados a problemas de infra-estrutura (quebra de trens, carros nas linhas) do que a roubos ou assaltos.
Os trens passam pelas áreas pobres de Natal, aquela que geralmente ficam longe dos turistas. Passear de trem é forma segura de conhecer a verdadeira Natal.
E Ceará-Mirim é uma cidade que por si só pode valer uma visita. A cidade é uma das mais antigas do Estado, foi pólo produtor de açúcar, teve importante presença dos jesuítas; embora mal preservados, ainda encontram-se traços da rica herança histórica da cidade.
História dos trens em Natal
Abaixo, uma breve história da estrada de ferro em Natal, retirada do site da CBTU:
No ano de 1870 foi autorizada a construção da primeira estrada de ferro no vale açucareiro. O contrato foi assinado, apenas dois anos depois, pelo então presidente da província, Delfino de Albuquerque, e as obras só foram iniciadas cerca de trinta anos após a assinatura do contrato.
No ano de 1873, a província concedeu o direito à construção de outra estrada de ferro, essa partiria da capital em direção a zona agreste do Estado e seria usada como meio de transporte para capitanias vizinhas. Essa ferrovia foi iniciada em 1878 em local conhecido até então como Nau de Refoles. Em 1881, foi inaugurado o primeiro trecho da estrada, ligando Natal a São José de Mipibú. O segundo trecho que uniu São José de Mipibu a Lagoa de Montanhas foi finalizado no ano seguinte e o terceiro e último trecho da ferrovia, que levava os trens a seu destino final, Nova Cruz, foi concluído em 1883.
Diversas estradas do ferro no país foram arrendadas no início do século XX pela companhia inglesa "The Great Western of Brazil Railway Company", entre elas estava a ferrovia Natal/Nova Cruz.
Ao primeiro dia do ano de 1904, a "Great Western" inaugurou a linha férrea de Nova Cruz até Independência, localizada no Estado da Paraíba. Essa ligação permitiu que o trem passasse a ser um dos principais meios de transportes entre os Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, além de ter proporcionado o desenvolvimento do comércio e das indústrias locais.
No ano de 1904 houve uma grande seca. As plantações do sertanejo não brotaram, os animais não tinham mais comida no pasto, o homem do campo iniciava sua partida em direção a capital e aos estados do sul e sudeste do país. Foi em meio a toda essa pobreza que castigava o Rio Grande do Norte, a República autorizou o início da construção da estrada de ferro Natal/Ceará-Mirim. Após alguns estudos, o primeiro trecho da viação que liga esses dois municípios através de 34 quilômetros de extensão, foi inaugurado em 1906.
Ainda em 1906, a inauguração da Estrada de Ferro Central contou com a presença do então presidente eleito Affonso Penna. O primeiro trem partiu no dia 13 de junho da Estação Aldeia Velha, na Ilha da Coroa, situada à margem direita do estuário do rio Potengi. Mas, a inauguração oficial aconteceu quando a comitiva composta pela imprensa, pessoas do comércio e da indústria local e representantes da construtora da Estrada de Ferro Central e da administração da "Great Western", chegou a Estação de Extremoz.
Durante a visita à Natal, o presidente participou também da inauguração do prédio do Escritório da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, localizada na Esplanada Silva Jardim, no bairro da Ribeira. No ano de 1916 as oficinas foram anexadas ao prédio para a manutenção dos trens.
Através de um decreto lei nº 1.475, de 3 de agosto de 1939, a "Great Western" foi encampada pela Estação de Ferro Central do RN.
A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (E.F.C.R.N.) passa a se chamar Estrada de Ferro Sampaio Correia, engenheiro responsável pela construção da estrada, e no ano de 1957, a Estrada Sampaio Correio começa a fazer parte da Rede Ferroviária Federal.
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