Um roteiro completo do litoral sul poderia ir desde Ponta Negra até o extremo sul do Estado, na divisa com a Paraíba.
Alguns pontos do roteiro:
saída de Ponta Negra ou da Via Costeira, pela Rota do Sol e depois RN-063, em direção ao sul, passando por Pium, Cotovelo, Pirangi do Norte, Pirangi do Sul e Búzios.
Note que, como o trecho de praia que banha a Barreira do Inferno é de acesso restrito, não se pode percorrer o trecho Natal - Búzios pela areia; no passeio pelo litoral Norte, é possível percorrer quase todo o roteiro pela areia.
Em Búzios, existe um conjunto de dunas móveis, semelhantes às Dunas Móveis de Jenipabu; embora em Búzios as dunas não sejam tão numerosas nem tão altas como as de Jenipabu, ainda assim é possível fazer corridas "com emoção", assim como encontrar lugares para se tirar magníficas fotos.
Até alguns anos atrás, algumas operadoras ofereciam passeios nas Dunas Móveis de Búzios.
Atualmente, contudo, embora não haja restrições de acesso, os bugueiros não estão sequer mencionando essa possibilidade de roteiro.
Essas praias entre Cotovelo e Búzios concentram muitas das "casas de veraneio" da classe alta de Natal; são destino preferido em épocas como Carnaval e Ano Novo.
Paulistanos estão acostumados com as notícias de que o Guarujá e Santos ficam lotadas nos feriados, com filas intermináveis em qualquer lugar que venda alguma coisa para turistas, e uma infraestrutura claramente incompatível com o número de turistas. Bem, Cotovelo e Búzios = Guarujá e Santos.
Próximo passo: Tabatinga e o Mirante dos Golfinhos.
De quando em quando, alguém consegue ver os golfinhos na praia, e o mirante ganhou seu nome.
Olhando para o norte, em direção a Natal, é possível ver o paredão (também uma falésia) da Barreira do Inferno. Em alguns dias, à hora do crepúsculo, a luz alaranjada do sol bate na água e se reflete no paredão, dando a aparência de labaredas de fogo: essa é a origem do nome Barreira do Inferno.
O mirante fica no topo de uma falésia, e tem restaurante e loja de artesanato (ou seja, o bugueiro certamente dará uma parada por lá).
A primeira foto dessa página mostra a deslumbrante vista da falésia, olhando-se para o sul a partir do mirante.
Note que, a partir do sul de Natal, cada vez menos se vêem dunas, e cada vez mais se vêem falésias.
O Chapadão em Pipa é o topo de uma falésia. O Farol do Cabo Branco, em João Pessoa, foi construído no topo de uma falésia.
A partir do mirante, se a maré estiver baixa, o buggy pode descer para a praia e continuar o percurso rumo ao sul.
Quando a maré sobe, as ondas cobrem toda a areia, chegando a bater no paredão; esse choque das águas com as falésias parece dar um colorido especial ao paredão.
Veja que, mesmo com maré baixa, o trecho é bastante pedregoso, exigindo bastante do buggy e do bugueiro; daí eles não serem muito dispostos a fazer o percurso.
Outro ponto a visitar é a Pedra Oca, na deserta Praia da Barreta.
É uma abertura nos recifes, que pode ser percorrida a pé na maré baixa. Dizem que dá sorte para os casais.
As operadoras oferecem passeios específicos para essas lagoas: ver passeio a Carcará e a Arituba.
Muitas pessoas gostam de ficar o dia inteiro nas lagoas, que têm alguma infraestrutura de bares e serviços.
Por isso, muitos passeios vendidos por operadoras não incluem essas lagoas.
Talvez valha a pena tentar negociar com a operadora ou com o buggeiro uma rápida passagem por uma outra lagoa, e aí planejar o retorno em outro dia.
Note que, no que se refere a lagoas, o passeio ao litoral norte é diferente: as Lagoas de Jacumã e Pitangui estão quase sempre incluídas no roteiro.
Voltando ao roteiro: se você seguiu pela praia, logo após Malembá, chega-se à Lagoa de Guaraíras; a lagoa é atravessada de balsa, e chega-se a Tibau do Sul.
Essa lagoa nem sempre foi ligada ao mar; veja a interessante história da Lagoa de Guaraíras.
No fundo da lagoa, existem resquícios de um vilarejo que foi coberto pelas águas; talvez por isso existam muitas lendas a respeito da lagoa.
É possível fazer um passeio de barco pela Lagoa.
Atravessando-se a lagoa, chega-se ao município de Tibau do Sul.
Logo após a travessia da balsa, é possível subir a um mirante, de onde se tem belíssima vista da praia e da lagoa; é local de difícil acesso, insista com o buggeiro para ir até lá.
Note que, se você chegar a Pipa pela estrada (isso é, sem atravessar a Lagoa de Guaraíras pela balsa), você também passará por Tibau de Sul.
Contudo, o caminho para Pipa passa pelo centro, e não chega perto da praia de Tibau do Sul.
Talvez valha a pena fazer um pequeno desvio e conhecer também esse mirante.
Alguns kilômetros à frente, chega-se a Pipa; veja mais detalhes sobre turismo em Pipa.
Praia do Amor, Pipa
Vários pacotes incluem ficar algumas horas em Pipa, e retomar o caminho de volta para Natal.
É possível, contudo, esticar o passeio de buggy, e ir até o extremo sul do Estado - e retornar a Pipa para ficar alguns dias, e não somente algumas horas.
A seguir, damos orientações para quem fizer o passeio estendido.
A primeira praia após Pipa é Sibaúma.
Um pequeno rio deságua na praia, o que cria um belo quadro com uma pequena enseada, águas calmas e tartarugas marinhas.
Sibaúma foi por longo tempo um quilombola, ou seja, reduto de escravos fugitivos (ver História de Sibaúma).
Dica: a beira-mar de Sibaúma tem alguns restaurantes, um pouco rústicos, mas com a comida muito boa.
Se você for passar por aqui, é melhor almoçar em Sibaúma do que nos caros restaurantes de Pipa.
Passada Sibaúma, o próximo passo é Barra do Cunhaú, outra região com belas praias e paisagens, destino de muitos praticantes de kitesurf.
Para chegar a Barra do Cunhaú, contudo, é necessário atravessar um pequeno córrego, em uma pequena embarcação, mais semelhante a uma jangada do que uma balsa - ver vídeo (é o mesmo tipo de jangada utilizada, no Litoral Note, para se atravessar o rio Ceará-Mirim e chegar a Graçandu).
O rio não é pequeno o suficiente para se atravessar de carro, e nem é grande o suficiente para se cruzar de balsa.
Isso torna a travessia um tanto venturosa, principalmente para os buggeiros; e isso talvez explique por que muitos deles não tenham interesse em fazê-la.
Um pouco de História: o Cunhaú é um rio (barra é o local em que o rio deságua no mar), que passa próximo ao município de Canguaretama, onde existia um engenho também chamado Cunhaú.
Em 1645, enquanto a região estava sob dominação holandesa, um grupo de católicos foi morto dentro de uma capela no engenho Cunhaú, por se recusarem a negar suas convicções religiosas; esses católicos ficaram conhecidos como Mártires de Cunhaú (ver a História; note que Uruaçu, onde outros mártires foram mortos, fica em São Gonçalo do Amarante, onde foi construído o novo aeroporto de Natal).
Há registros de pessoas que visitaram o Engenho de Cunhaú; o roteiro, contudo, é mais indicado para trekkers do que para passeios de buggy.
O próximo ponto do roteiro é Baía Formosa, bastante procurada por surfistas.
O vilarejo foi construído no topo de uma falésia, e por isso tem uma vista da baía que mais que justifica o nome da cidade.
Como chegar: entre Barra do Cunhaú e Baía Formosa, existe um rio, o Curimataú, que pode ser atravessado de balsa (ver vídeo).
Contudo, segundo informação dada pelo nosso buggeiro e confirmada por esse site, para percorrer o trecho entre o Curimataú e Baía Formosa, é necessário que a maré esteja baixa.
No dia em que fizemos o passeio, a maré já estava subindo, e para não correr riscos, resolvemos fazer o trecho até Baía Formosa por estrada asfaltada.
Note que o trecho em Tabatinga, próximo a Pirangi, também deve ser feito em maré baixa.
Isso significa que nem sempre é possível fazer todo o percurso do litoral sul pela areia num mesmo dia; em algum momento, a maré estará alta (ou subindo), o que obrigará a desvios.
Próximo ponto: Lagoa da Coca Cola.
As águas são escuras, da cor de coca-cola, por causa dos minerais suspensos na água; alguns afirmam que a água tem propriedades medicinais.
Quando visitamos a Lagoa, não havia nenhuma restrição de acesso, nem era cobrada nenhuma taxa.
Talvez isso mude no futuro, tal qual aconteceu com o Parque das Dunas de Jenipabu (que também se localiza em área particular, com preservação imposta pela Estado - ver História).
Para chegar à Lagoa, o buggy percorre uma trilha por dentro da Mata da Estrela.
Como a Mata é toda preservada, mantém todas as características da Mata Atlântica nativa da região; é uma oportunidade excelente para se ter contato com a flora e a fauna da Mata Atlântica.
De Baía Formosa, o buggy retorna para a areia da praia e segue em direção ao último ponto: Sagi.
Guaju é o nome do pequeno rio (essa página tem uma foto do rio) que deságua na praia de Sagi e separa os Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba.
A área nas margens do Guaju é toda de manguezal preservado.
Alguns nativos oferecem passeios em barcos rústicos pelo manguezal do rio Guaju.
Quem faz esse passeio geralmente toma um banho de lama, que a população local acredita ser hidratante e rejuvenescedor.
A reportagem abaixo mostra cenas de Baía Formosa, da Lagoa da Coca Coca e de Sagi.
Aqui chega-se, de fato, ao final do passeio pelo litoral sul do Rio Grande do Norte.
Se cruzarmos o rio Guaju, a primeira praia será Barra de Camaratuba; mas aí já estaremos falando de passeios de buggy partindo de João Pessoa, não mais de Natal.
Note que o percurso de volta é geralmente feito pela BR-101, e não pela praia.
