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«Fernando de Noronha
«Ecologia em Noronha
Noronha é um dos melhores lugares do mundo para se observar golfinhos; em nenhum outro lugar é provável ver tanto golfinho em um só ponto por tanto tempo, diz José Martins da Silva Júnior, doutor em oceanografia que coordena o Projeto Golfinho Rotador, uma ONG que realiza pesquisas e trabalha pelo manejo e pela conservação dos cetáceos nas ilhas; na época da chuva, de março a junho, entretanto, pode ocorrer de eles não entrarem na baía.
Os golfinhos-rotadores (Stenella longirostris) usam a baía para descanso, reprodução, cuidado dos filhotes (amamentação) e refúgio contra tubarões. O nome vem do hábito de rodarem em torno do próprio eixo quando saltam fora d'água.
Têm uma rotina atribulada: alimentam-se à noite, seguem de manhã em direção à baía e voltam para as zonas de alimentação, em alto-mar, à tarde.
Golfinho de Noronha
Foto: www.ima.ba.gov.br
O rotador existe no mundo inteiro, é a terceira espécie mais abundante; estima-se que só no oceano Pacífico existem mais de 2 milhões deles. É uma espécie oceânica e tropical, que vive em águas quentes e longe da costa, informa a Organização. Por isso não é comum ver os golfinhos nas cidades do continente, já que eles não se aproximam da costa; eles permanecem em alto-mar ou perto de ilhas oceânicas para descansar.
Aqueles golfinhos que geralmente acompanham os barcos de turistas são os chamados de guarda, adultos e machos. Essa é na verdade uma estratégia usada pelos rotadores para despistar os curiosos: enquanto os turistas se divertem com a escolta de cetáceos, as fêmeas e os filhotes estão bem protegidos, distantes do barco.
Os rotadores passam a maior parte de suas vidas em alto-mar; se eles estão perto do arquipélago e se alimentam o suficiente durante a noite, eles vêm descansar na baía dos Golfinhos. "É também um privilégio para os rotadores terem esse reduto de tranqüilidade em Fernando de Noronha", diz o coordenador do Centro do Golfinho-Rotador.
Aqueles que não se aventuram atrás dos golfinhos pelo mar ainda podem avistar os cetáceos pelo mirante dos Golfinhos. Para ver os cetáceos de binóculos (cedidos pelos pesquisadores do Centro Golfinho-Rotador) lá de cima, a uns 50 metros de altura, será preciso acordar bem antes de o sol nascer e até deixar o café para mais tarde. É que às 6h ocorre a chegada dos golfinhos à baía, onde permanecem até as 14h.
Segundo dados do Centro Golfinho-Rotador, em 2005, cerca de 25 mil turistas visitaram o mirante e 70 mil turistas saíram de barco para observar os golfinhos. "Quanto mais barcos ou quanto mais tempo as embarcações perseguem os golfinhos, menos tempo eles têm para descansar, reproduzir e cuidar dos filhotes. Como conseqüências dessas alterações comportamentais, temos que tomar cuidado para que o aumento do turismo de observação de golfinhos em Fernando de Noronha não produza estresse nos rotadores a ponto de diminuir a taxa de reprodução ou afugentá-los", informa o pesquisador.
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