A Rota dos Engenhos e Maracatus é um dos roteiros elaborados pelos órgãos de turismo de Pernambuco para difundir os principais pontos turísticos do Estado (veja mais aqui).
Como se sabe, o açúcar é um protagonista da História de Pernambuco; e a mão-de-obra que movia os engenhos era negra; e uma das principais manifestações culturais do negro de Pernambuco era o maracatu, um evento no qual se coroavam os reis da comunidade.
Não é surpresa, portanto, que engenhos e maracatus estejam tão entrelaçados; e não é surpresa tampouco que tenham se tornado elementos formadores de um importante roteiro turístico de Pernambuco.
Embora o cultivo do açúcar tenha se estendido por todo o litoral do Estado, foi nas cidades da Zona da Mata Norte (o trecho próximo ao litoral compreendido entre a capital Recife e a divisa com a Paraíba) que os grupos de maracatu tornaram-se mais populares, por isso é nessa região que se percorre a Rota dos Engenhos e Maracatus.
O grande sociólogo pernambucano Gilberto Freyre escreveu: "Sem açúcar, não se entende o Nordeste, não se entende o Brasil".
Viajar pela Zona da Mata de Pernambuco é voltar às origens do Estado e deparar-se com o charme da tradição.
Nos antigos engenhos, casa-grande e senzala hoje abrigam charmosas pousadas (como essa, essa ou essa). Capelas, igrejas centenárias, cavalgadas, banhos de água corrente. Entre peças sacras e mobiliário antigo, o deleite da vida no campo.
Nessa jornada, pode-se visitar arte barroca de Goiana. A secular Igreja do Rosário dos Homens Pretos - apenas uma dentre as diversas igrejas históricas da cidade - abriga um acervo com mais de duas mil peças sacras. Entre elas, a imagem em ouro de Nossa Senhora do Amparo, doada aos antigos escravos pela Princesa Isabel.
Em Nazaré da Mata (que está em vias de ser declarada por lei "a capital do maracatu" de Pernambuco), os enigmáticos caboclos-de-lança do maracatu rural fazem a festa.
Balançam seus chocalhos pelas ruas, e exibem suas cabeleiras multicoloridas de um Brasil profundo, um Brasil atemporal.
Andar pela Rota dos Engenhos é conhecer a arte popular e o artesanato construído em séculos de convivência entre africanos, portugueses e índios.
A forte influência ibérica é facilmente identificada nos tapetes de Lagoa do Carro (a apenas 60 km do Recife), ou nas esculturas de Tracunhaém, Carpina, Paudalho e Vicência, cidades onde a imaginação dos homens ganha contornos no barro.
Entre mesas fidalgas e tabuleiros de rua, encontra-se a culinária que evidencia a Civilização do Açúcar.
Nos engenhos, prepare-se para um banquete: pamonha, canjica, munguzá, coalhada, iogurtes caseiros, queijos de coalho e manteiga, pães e biscoitos, tapioca, beiju, manteiga artesanal, café bem passado, sucos de frutas e muitos bolos, de mandioca, barra-branca, bolo-de-rolo... Mandioca e carne seca. Galinha caipira guisada. E, claro, uma cachaça de alambique.
Não importa em que cidade hospedar-se. Estão todas muito próximas. Em poucos quilômetros de distância, o visitante volta no tempo.
Bem-vindo ao Brasil original.
Bem-vindo à Rota dos Engenhos de Pernambuco.